Advento é preparação para a chegada e acolhimento de Jesus. Todas as Escrituras apontam para Cristo. Ele dá unidade à Bíblia. Desde o ano 740(a.c), o profeta Isaias já fala de um Menino que será rei (Is. 3,4). Esta criança terá sabedoria de Salomão, a bravura e piedade de Davi, as grandes virtudes dos patriarcas.
Isaias, João Batista e Maria são os protagonistas do advento do Menino. Há porem, uma quarta pessoa: você e eu. Como costuma ser nosso jeito de viver o Advento? Tudo parece estar invertido. No lugar do Menino, esperamos um velho barbudo, trocamos o deserto, o silêncio, por uma agitação consumista, um frenético barulho que leva ao stress. Longe de imitar Maria, corremos o risco de estar vazios de Deus, servindo à moda e ao consumismo, portanto, grávidos do vazio interior e escravos do mercado. Enfeitamos as casas, as lojas, as praças. Nada contra, pelo contrário, são sinais de alegria e gratidão. Como seria bom fazer faxina interior, iluminar o coração com a luz da fé, adquirir a beleza íntima da vida na graça e da amizade com Deus. Ir para o deserto, preparar o caminho do senhor, nivelar os vales, abaixar os montes, são convites para abandonarmos os caminhos errados, crescer na interioridade, abaixar o orgulho e a prepotência
A espiritualidade do advento é encantadora porque abre nossos corações para Deus e para os irmãos. É um convite para olharmos para o alto, para o lado e para dentro. Uma grande graça que nos é dada é a de podermos sempre recomeçar. É possível ser diferente, mudar, renascer, ser nova criatura. Assim estaremos grávidos de Deus, fecundados pela graça e em processo de regeneração. O advento é um tempo litúrgico para nossa cristificação, nossa re-evangelização, nosso reencantamento espiritual, nosso renascimento existencial.
O advento cristão não pode esquecer São José. Ele está envolvido até nos seus sonhos com Menino que irá nascer. José passa por provações, obedece à vontade de Deus, marca presença, conserva o silêncio interior, trabalha sem atrair as atenções sobre si, vive a espiritualidade do esvaziamento e esquecimento de si. É mais discípulo que pai. Ele que tinha o plano de casar-se, ter filhos, formar família, vive agora na castidade e exerce a missão de pai adotivo. Quanta fé, humildade e docilidade em São José. Sua vida se concentra no Menino. Sejam abençoados todos os pais adotivos.
O advento convoca-nos à vigilância para as “vindas de Deus” e a segunda vinda de Jesus. Pensar nas coisas últimas faz um bem imenso, enfim, o céu, o juízo final, a morte, a possibilidade de perdição são realidades que não devem ser esquecidas nem reprimidas. Deus vem também nos acontecimentos da vida. São os adventos, as vindas, as visitas de Deus no nosso cotidiano. Ele vem através das pessoas, das alegrias, dos sofrimentos, dos sinais dos tempos. Estar em sintonia com Deus é um jeito de vivermos intensamente o advento. Participemos das novenas de Natal, montemos o presépio em nossas casas, paremos um pouco para meditar. São atitudes saudáveis que curam a criança que está dentro de nós. O Menino quer curar a criança ferida que mora em nós. Ensinemos nossas crianças a se encantarem por Jesus e tenhamos todo carinho pelas mães grávidas que estão em advento, na expectativa de darem à luz. Que Maria as proteja e acompanhe. Vem, Senhor Jesus!
Dom Orlando Brandes
Arcebispo de Londrina
Folha de Londrina, 26 de novembro de 2011
Arcebispo de Londrina
Folha de Londrina, 26 de novembro de 2011
